Um ajudante inesperado


No meu primeiro dia de trabalho do ano de 2024, ocorreu um acidente de carro na avenida em frente a uma das clínica veterinária onde prestava serviço. Lembro que antes de ir almoçar, estava em pé na recepção conversando com a Fran, a querida recepcionista. Ela disse "o poste caiu, doutora!" enquanto eu observava ele caindo lentamente. E respondi "alguém bateu".

Então, comecei a caminhar lentamente até o estacionamento do prédio e vi no meio da avenida um carro preto que havia colidido de frente e o poste em cima dele bem no meio. Estava todo amassado. Fiquei atônita com a cena e tentei ligar para uma ambulância, meu celular estava sem sinal. Ao levantar os olhos novamente para aquela cena, observo a Fran voltando do carro assustada. Ela foi lá perto e voltou dizendo que o homem estava mal e disse "Vai lá, doutora!". Sabe aquele momento que você age no automático? Pois é. Quando cheguei perto, tinha dois homens segurando o motorista do lado de fora e um médico orientando eles a segurar. O homem convulsionava. Ajudei a segurar suas pernas. Enquanto isso, uma multidão começou a rodear o lugar, alguns com interesse de ajudar, outros em roubar os pertences do carro!

Nunca canso de me surpreender com o ser humano! O médico estava bastante nervoso e suado, aflito com toda aquela gente em volta, eu pedi para a multidão se afastar e deixarem os celulares de mão. Enquanto isso alguns buscavam chamar a ambulância, outros gritavam soluções de última hora, e até apareceu duas mulheres querendo orar pelo rapaz no momento. 

O motorista começou a recobrar lentamente a consciência e muito assustado! A medida que íamos conversando ele foi a se acalmar. Estava inquieto e queria se levantar mesmo sem muitas forças. Acabamos depois de um tempo convencendo-o a sentar novamente enquanto nós ficávamos agachados apoiando ele. Ele se segurava em mim como uma criança assustada. O sangue em suas mãos e pés me deixaram preocupada. Segurei um pouco acima de um dos ferimentos para reduzir o fluxo. Olhei para meu lado direito em direção à calçada  em busca de ver a Fran, mas encontrei um dos banhista do petshop me observando, e pedi que ele fosse pedir para ela me mandar um pouco de gazes. Enquanto ele foi buscar, elevei meu olhos e vi uma mão com muitas gazes a me oferecer. Me surpreendi com a rapidez, tomei elas e comecei a enxugar o sangue e parar o sangramento. Eram ferimentos leves, graças a Deus. Então, lá vem o banhista com uma sacola de gazes da clínica. Então olhei para cima buscando aquele que havia me ajudado para saber quem era. Mas não estava ali, ou então não o reconheci em meio aquela multidão. Voltei-me para o rapaz que estava ajudando e graças a Deus não demorou muito a ambulância chegou. 

Ao retornar para a clínica, depois daquele episódio turbulento de início de ano, estava recapitulando o ocorrido enquanto almoçava com meus colegas. Eu vi um anjo! Ou talvez tenha sido o próprio Senhor ali? Nem sei. Mas alguém me deu gazes. Ainda fiquei pensando possibilidades. Mas no meu coração eu sei que foi isso. Conversei depois com algumas irmãs sobre o ocorrido, e lembrei que minha leitura matinal falava sobre isso. Eles estão aí, mas são apenas servos. Assim como nós. Tristemente alguns não entendem isso e os adoram o que não convém, até João foi repreendido quando intentou em fazer o mesmo. Mas é bom lembrar que não estamos sozinhos. O Senhor permite que eles acampem ao nosso redor e estão aprendendo também. Será que estamos mostrando a luz que o Senhor tem nos dado do jeito correto? Não somente esses ajudantes e vigilantes secretos, mas aqueles que também são palpáveis e visíveis aos nossos olhos, as pessoas que estão ao nosso redor estão sempre nos observado, ouvindo e julgando. Andemos nos passos do Senhor, servindo como um bom samaritano que cuida das feridas dos que estão caídos. Suportando aqueles que estão desorientados. Esperando juntos a ajuda que vem muitas vezes de forma inesperada.

RLC

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