Recurso e Força

    Que realidade abençoada é conhecer e ter a paz de Deus que excede todo o entendimento, mantendo o coração e a mente por meio de Cristo Jesus.

    Agora observe como devemos estar em espírito na esfera da paz, para que nosso coração e mente sejam mantidos. Nossos pobres corações e mentes nunca poderiam manter a paz de Deus. A melhor ilustração que conheço da paz de Deus é aquela magnífica declaração do Salmos 29:10. "O Senhor se assentou sobre o dilúvio; o Senhor se assenta como Rei perpetuamente." É impressionante também que a palavra traduzida como "dilúvio" seja aplicada em outro lugar apenas ao dilúvio de Noé. Assim, acima de todas as desolações, na serenidade de Sua própria majestade, o Senhor se assenta como Rei. Observe o versículo que se segue a isto: "O Senhor dará força ao Seu povo; o Senhor abençoará o Seu povo com paz." De uma forma mais elevada e completa, o apóstolo nos diz que a paz de Deus que excede todo entendimento guardará (como em uma guarnição) seus corações (que são as afeições, às quais a palavra "corações" se refere) e mentes (o poder motivador do homem).

    Não há nada tão frequentemente perturbado quanto nossa mente, especialmente se intensa atividade a caracteriza. Mas se nosso Deus coloca Sua própria paz como uma guarnição para guardar o coração e a mente, todo o silêncio e descanso são garantidos na fortaleza dessa fortificação divina. Esta é a única maneira de entrarmos no significado profundo de como nossa força é ficarmos parados.

    Quando os israelitas estavam na costa do Mar Vermelho, com suas águas ainda fechadas diante deles e o medo do inimigo atrás deles, a palavra para eles foi: "fiquem parados e vejam". Da mesma forma, vemos, por assim dizer, uma transação divina para nós, mas na realização da qual não tivemos parte. Agora, como guarnecidos pela paz de Deus, aprendemos a bem-aventurança da palavra: "Fiquem quietos e saibam que eu sou Deus".

    O apóstolo Paulo se dá como exemplo no versículo 12: "Sei estar abatido e sei ter abundância; em todo lugar e em todas as coisas estou instruído tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade." Assim, ele nos conta como passou por todas as circunstâncias. Quantas vezes ouvimos a observação: "Vocês não sabem nada sobre isso, pois não estão nela." Agora, é bom lembrar que é preciso estar fora da provação, como tendo passado por ela para simpatizar com alguém nela. Então é que podemos testemunhar a graça, a paz e o poder que nos sustentaram. Podemos dizer em certo sentido: "Descobri que Ele era tudo o que eu precisava e muito mais, graças a Deus."

    É muito interessante ver como o apóstolo passou por todas as exigências da vida humana, de modo a ser em sua própria pessoa a testemunha da verdade que temos diante de nós. Uma das marcas distintivas do cristianismo é o recurso e o poder que pertencem a ele, e estes são trazidos à luz pelas dificuldades pelas quais o povo de Deus passa no caminho do deserto. Em outro dia, quando a visão da terra testou Israel, Josué e Calebe puderam dizer: "O povo da terra é pão para nós". Os israelitas estavam com medo de serem devorados por gigantes naquele momento!

    O apóstolo diz no versículo 19: "meu Deus". Por que ele não diz: "seu Deus?" Ele não era o Deus dos filipenses tanto quanto de Paulo? Certamente Ele era. Mas ele estava falando de Deus como ele mesmo O conhecia, ou como poderíamos dizer, experimentalmente: o apóstolo O provou como seu Deus. Ele diz, por assim dizer: "Eu estive no mundo inteiro e Ele nunca me falhou". "Meu Deus suprirá todas as suas necessidades". Posso contar com Ele para mim e também para você. Nem sua necessidade nem a minha podem medir o que está Nele. Qual é a medida? "De acordo com Suas riquezas em glória". Quão abençoado e quão infinito! Que nossos corações e mentes sejam assim mantidos nesta fortificação divina continuamente.

W. Turpin - Christian Treasury